Canellaceae

Cinnamodendron axillare Endl. ex Walp.

Como citar:

Eduardo Fernandez; Marta Moraes. 2020. Cinnamodendron axillare (Canellaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

EN

EOO:

3.975,744 Km2

AOO:

24,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Gonzaga et Lirio, 2019), RIO DE JANEIRO, no(s) município(s) de Cabo Frio (Sucre 3753), Petrópolis (Pabst 9138), Rio de Janeiro (Araujo 10362), São Pedro da Aldeia (Farney 4171).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2020
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Marta Moraes
Critério: B1ab(iii)+2ab(iii)
Categoria: EN
Justificativa:

Árvore de 25 m, endêmica do Brasil (Gonzaga et Lirio, 2019). Conhecida popularmente como bom-para-tudo, canela-branca e casca-de-cutia, foi documentada em Floresta Ombrófila associada a Mata Atlântica no estado do Rio de Janeiro, municípios de Cabo Frio, Petrópolis, Rio de Janeiro e São Pedro da Aldeia. Apresenta distribuição restrita, EOO=3478 km², AOO=20 km², quatro situações de ameaça, considerando-se o distinto grau de perturbação ao qual os municípios de ocorrência encontram-se, e presença em fitofisionomia florestal severamente fragmentada. Dados publicados recentemente (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018) apontam para uma redução maior que 85% da área originalmente coberta com Mata Atlântica e ecossistemas associados no Brasil. De acordo com o relatório, cerca de 12,4% de vegetação original ainda resistem. Embora a taxa de desmatamento tenha diminuído nos últimos anos, ainda está em andamento, e a qualidade e extensão de áreas florestais encontram-se em declínio contínuo há pelo menos 30 anos (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). A última coleta confirmada da espécie foi realizada no estado do Rio de Janeiro nos anos 2000, e as outras ocorrências associadas ao táxon realizadas em outros estados não foram confirmadas pelo especialista nesta ocasião. O crescimento urbano da cidade do Rio de Janeiro e dos municípios em que C. axillare foi documentada, além do aumento das áreas destinadas ao estabelecimento de pastagens e áreas agrícolas (IBGE, 2009) colocam em risco a espécie, além de seu potencial uso e corte seletivo pelas qualidades de sua madeira. Assim, infere-se declínio contínuo em qualidade e extensão do habitat. Diante desse cenário, portanto, a espécie foi considerada Em Perigo (EN) de extinção. Recomendam-se ações de pesquisa (distribuição, números e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, uma vez que a persistência dos vetores de stress descritos podem ampliar seu risco de extinção no futuro. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento do Plano de Ação Nacional (PAN) para sua região de ocorrência.

Último avistamento: 2000
Quantidade de locations: 4
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita originalmente em: Repertorium Botanices Systematicae. 1: 398. 1842. Conhecida popularmente como bom-para-tudo no Sudeste, canela-branca no Sudeste e no Sul e casca-de-cutia no Sudeste (Gonzaga et Lirio, 2019).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido o valor econômico da espécie.

População:

Detalhes: Não existem dados sobre a população.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Longevidade: perennial
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Detalhes: Árvores de 25 m altura (Klein 8151), ocorrendo no domínio da Mata Atlântica na Floresta Ombrófila (Gonzaga et Lirio, 2019).
Referências:
  1. Gonzaga, D.R.; Lirio, E.J., 2019. Canellaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB6651>. Acesso em: 11 Dez. 2019

Ameaças (7):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1.1 Housing & urban areas habitat past,present,future regional high
A evolução da população e a densidade demográfica na área do Cerrado Brasileiro tem valores baixos, se comparado ao restante do país, porém são crescentes (Santos et al., 2010). Em Brasília, o senso demográfico de 2010 realizado pelo IBGE apontou 444,07 pessoas por quilômetro quadrado (IBGE, 2013).
Referências:
  1. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades@ - Brasília . 2013. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/xtras/perfil.php?codmun=530010&search=distrito-federal|brasilia>. Acessado em 11 set. 2013.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 2.3 Livestock farming & ranching habitat past,present national very high
Em 2006, no Bioma Mata Atlântica se encontravam perto de 90 mil estabelecimentos (29% do total de estabelecimentos produtores de bovinos de corte do Brasil), cerca de 17 milhões de hectares de pastagens (16% do total de pastagens destinadas à pecuária de corte do país) (IBGE, 2009).
Referências:
  1. IBGE, 2009. Censo Agropecuário 2006. IBGE - Inst. Bras. Geogr. e Estatística 777. https://doi.org/0103-6157
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 5.3 Logging & wood harvesting habitat past,present national very high
Dados publicados recentemente (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018) apontam para uma redução maior que 85% da área originalmente coberta com Mata Atlântica e ecossistemas associados no Brasil. De acordo com o relatório, cerca de 12,4% de vegetação original ainda resistem. Embora a taxa de desmatamento tenha diminuído nos últimos anos, ainda está em andamento, e a qualidade e extensão de áreas florestais encontram-se em declínio contínuo há pelo menos 30 anos (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018).
Referências:
  1. Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica. Período 2016-2017. Relatório Técnico, São Paulo, 63p.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 1.3 Tourism & recreation areas habitat past,present regional high
Na Praia do Peró, município de Cabo Frio, encontra-se o maior e mais bem preservado campo de dunas móveis da costa fluminense. O projeto do mega-resort Reserva do Peró, conta com 450 ha de área, representando um impacto direto às formações naturais de dunas e à vegetação de restinga associada, o que significaria uma perda do maior remanescente desse ecossistema no estado (Pereira et al., 2011). Na praia de Tucuns, município de Armação dos Búzios, o resort SuperClubs Breezes Búzios, em faze de conclusão, representa uma perda de 7,88 ha de formações naturais de dunas (Pereira et al., 2011). Isso implica a perda de uma extensa área de vegetação de restinga.
Referências:
  1. Pereira, T.G., Oliveira Filho, S.R. de, Corrêa, W.B., Fernandez, G.B., 2011. Diversidade dunar entre Cabo Frio e Cabo Búzios – RJ. Rev. Geogr. 27, 277–290.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 7.1 Fire & fire suppression habitat past,present regional high
In the studied forest sites, grazing and cattle trampling may have caused differential mortality of herbs and woody seedling. The occasional penetrations of fire also may have caused significant changes in vegetation structure and composition at the edge affected area that penetrates, at least, up to 50m inside the forest.
Referências:
  1. Vibrans, A.C., Sevegnani, L., Uhlmann, A., Schorn, L.A., Sobral, M.G., Gasper, A.L. de, Lingner, D. V., Brogni, E., Klemz, G., Godoy, M.B., Verdi, M., 2011. Structure of mixed ombrophyllous forests with Araucaria angustifolia (Araucariaceae) under external stress in Southern Brazil. Rev. Biol. Trop. 59, 1371–1387.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1.2 Commercial & industrial areas habitat past,present,future national very high
A ameaça de extinção de algumas espécies ocorre porque existe pressão do extrativismo predatório sobre determinadas espécies de valor econômico e porque existe pressão sobre seus habitats, sejam, entre outros motivos, pela especulação imobiliária, seja pela centenária prática de transformar floresta em área agrícola (Simões e Lino, 2003).
Referências:
  1. Simões, L.L., Lino, C.F., 2003. Sustentável Mata Atlântica: a exploração de seus recursos florestais. São Paulo: Senac.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3 Livestock farming & ranching habitat past,present national very high
Em 2006, no Bioma Mata Atlântica se encontravam perto de 90 mil estabelecimentos (29% do total de estabelecimentos produtores de bovinos de corte do Brasil), cerca de 17 milhões de hectares de pastagens (16% do total de pastagens destinadas à pecuária de corte do país) (IBGE, 2009).
Referências:
  1. IBGE, 2009. Censo Agropecuário 2006. IBGE - Inst. Bras. Geogr. e Estatística 777. https://doi.org/0103-6157

Ações de conservação (1):

Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro (Pougy et al., 2018). A espécie será beneficiada por ações de conservação que estão sendo implantadas no PAN Rio, mesmo não sendo endêmica e não contemplada diretamente por ações de conservação.
Referências:
  1. Pougy, N., Martins, E., Verdi, M., Fernandez, E., Loyola, R., Silveira-Filho, T.B., Martinelli, G. (Orgs.), 2018. Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro. Secretaria de Estado do Ambiente -SEA : Andrea Jakobsson Estúdio, Rio de Janeiro. 80 p.

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
17. Unknown
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.